2 de jul. de 2011

Déja vu

Ela não queria saber. Não queria entender. Não queria viver. Viver na constante mutação que a palavra amor injeta na nossa vida.
Para que abrir o coração? Deixá-lo exposto. Vulnerável a qualquer ataque mais ou menos certeiro de um ou de outro (des)conhecido.
Optando pelo caminho mais camuflado, escondia sentimentos nas aventuras que decidira ter.
Nunca havia sido pessoa de grandes diversidades, e talvez esse fosse o maior problema que a assombrava. Podia agarrar-se. Agarrar-se de tal maneira a todo aquele turbilhão de sentimentos, que só no clímax da cena tomava consciência do erro que estava a cometer...tarde demais! O virar costas já custava. O silêncio magoava. E o desprezo era arma mortífera de um crime que ela mesma protagonizava vezes e vezes sem conta.
Dona de si mesma, sempre segura. Mas aquilo era como um ciclo vicioso de onde, uma vez lá dentro, não conseguia sair.
Por vezes, um novo desafio era a cura para toda aquela excitação acalmar. E lá ia ela...lançava-se ao desconhecido, e voltava a emaranhar-se em grande confusão.
Não era pessoa de ir longe demais. Não lhe convinha. Era contra os valores que defendia. Mas no que tocava ao coração...bolas! Era da mais frágil jogadora.
Com o tempo foi aprendendo que na vida nem sempre se ganha. Ou no seu caso, nem sempre se perde.
E do caminho percorrido fez músculo para suportar o que o futuro lhe podia reservar.
Mais fria. Mais cautelosa. Em vez de um só trinco, bloqueou por completo todas as formas de ser atingida naquele seu pequeno pedaço de si mesma que outrora conseguia bater tão rápido e fortemente por alguém. Porque volta e meia, julgava que ia ser diferente. Que "desta vez é que é"! No entanto, já não era apenas um déja vu.

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